sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Não sabe brincar...

Foto: Globo Online / Montagem: Marcos Bin

A torcida do Flamengo comemorou mais a vitória de 4ª pela Libertadores do que a conquista da Taça Guanabara, domingo, contra o Botafogo. E não foi por causa da diferença de nível entre as duas competições.

Demorou para cair a ficha rubro-negra. Ou seria o apito? Enfim, os flamenguistas precisaram de alguns dias para perceber que as lambanças dos Homens de Preto custaram o título ao Botafogo.

Somente a perplexidade retardada – em todos os sentidos da palavra – pode explicar a foto ao lado, em que o zé mané do Souza tenta tirar uma onda com os torcedores alvinegros.

Ele não deve ter se lembrado que haverá outros jogos entre Flamengo e Botafogo este ano, um deles daqui a algumas rodadas, no 2º turno do Carioca. Se os jogadores alvinegros já demonstraram sua revolta agora, com palavras, o que esperar da próxima partida? E as torcidas, como irão se comportar?

A idiotice do Souza pode custar caro. Se isso acontecer, ficar de castigo no canto da sala será uma punição leve demais.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

É proibido pensar

Acho que já tive a oportunidade de dizer aqui no blog que não tenho acompanhado a música gospel com afinco. Da minha parte, faltam tempo e interesse; do gênero musical, novidades atraentes. Como diria a música dos Paralamas, quase sempre são variações do mesmo tema sem sair do tom.

Além disso, a postura de muitos artistas evangélicos é no mínimo frustrante para quem conhece o meio. Não gostam de ser chamados de artistas – preferem o termo bíblico “levitas” – mas agem com mais orgulho e vaidade que um rock star internacional. Some-se a tudo isso os diversos escândalos envolvendo cantores e pastores e o desânimo está mais que justificado.

Bem, mas este post não é para falar mal da música gospel, muito pelo contrário. Quero destacar algo que vi e achei tão interessante a ponto de gastar um tempinho para falar disso e compartilhar o que penso com todos os meus 2 leitores.

Uma brevíssima introdução sobre o assunto deste texto, o cantor e compositor João Alexandre. Paulista de Campinas, ele é um dos (poucos) poetas da música gospel, autor de letras inspiradas e melodias elaboradas que flertam com samba, bossa nova e jazz. Foi um dos criadores da chamada linha “MPB gospel”.

Conheci o mais recente CD de João Alexandre, É Proibido Pensar, graças a um artigo que Elvis Tavares publicou no site da Efrata Music. O que me chamou a atenção foi o clipe da música, à disposição no Orkut. E não foi só a mim, como comprova uma rápida investigação na internet.

Na verdade, o polêmico vídeo, criado pelo blogueiro carioca Tito Von Brauner, é só o cartório. Há muitas aferições dele, mas na maioria das vezes as imagens são como retratos dos bois cujos nomes foram dados pelo próprio João Alexandre na letra de É Proibido Pensar, título inspirado, obviamente, na canção de Roberto e Erasmo.

De forma mais ou menos velada, no esquema “para quem sabe ler, um pingo é letra”, João Alexandre critica várias denominações evangélicas, ao falar do comércio e da teoria da prosperidade que tomou conta de muitas igrejas. A música gospel é atacada em seus modismos e mesmices: os “profetas apaixonados(...) distantes do trono”, o uso de instrumentos orientais, como o shofar (o vídeo ilustra com foto da cantora Fernanda Brum), a cópia de modelos importados, entre outros.

Mas independentemente de nomes e denominações, justiças e injustiças, João Alexandre está de parabéns por mostrar que, ao contrário do título da música, é possível refletir sempre, até mesmo quando o assunto é religião. Discussão muito pertinente numa época em que fiéis coíbem jornalistas de exercerem seu dever, que nada mais é senão informar.


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A Força está com ela

Uma menininha de 3 anos de idade é a nova febre do YouTube. No vídeo, intitulado “Star Wars according to a 3 year old”, ela repete diálogos do filme Guerra nas Estrelas 4 – Uma Nova Esperança, incluindo a épica luta entre Obi-Wan Kenobi e Darth Vader.

Assista abaixo e repare, babando, na pronúncia perfeita da criança. Não é à toa que o vídeo, há apenas 4 dias no ar, já tenha sido visto por quase 2 milhões de pessoas.

E para quem é fã da série de George Lucas, uma boa notícia. Depois dos curtas de 30 minutos que já estão sendo exibidos no Cartoon Network, será lançado nos cinemas o longa de animação Star Wars: The Clone Wars.

A história do filme vai se concentrar no que acontece entre os episódios 2 e 3 da saga original. A estréia está prevista para 15 de agosto, nos EUA.

De março a julho, ainda rola na Bienal de Sampa a exposição Star Wars. Pela primeira no Brasil, a mostra terá 200 peças originais dos estúdios da Lucas Film utilizadas na produção dos seis longas da série. Acesse o site
Star Wars Brasil, que é bem bacana, e veja mais detalhes.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Here come the Men in Black

Mais uma vez o pessoal do MIB (Men in Black) usa suas armas antialienígenas para prejudicar o Botafogo numa final.

Ano passado, o Glorioso foi a vítima preferida dos homens (e mulheres, né, Ana Paula?) de preto. Mas enquanto meus companheiros alvinegros reclamavam da arbitragem, eu preferia culpar a falta de garra da equipe pelas sucessivas derrotas.

Mas ontem, no Maracanã, não houve desculpa. Assim como na final de 2007, o Botafogo deste ano tem mais time que o Flamengo e foi superior em campo. A diferença é que agora temos um time “de machos”, como queria o Montenegro.

Faltou sorte, sim, mas seria muito mais fácil o juiz não marcar aquele pênalti absurdo – do tipo que só marcam contra o Botafogo – a querer que a bola, em vez de bater na trave, entrasse no gol aos 50 minutos, quando a equipe tinha um a menos e os jogadores estavam com os nervos à flor da pele.

E ainda teve a bola recuada pelo zagueiro rubro-negro que o goleiro defendeu, sem que o juiz marcasse tiro livre indireto; a expulsão ridícula do Zé Carlos, que nem participou da confusão após o pênalti; e uma falta perto da área, no fim do jogo, que o bandeirinha viu e também não fez nada. E nós ainda temos que aturar a explicação do Arnaldo Cezar Coelho: “o jogador do Botafogo se joga tanto que, quando é falta mesmo, ninguém acredita”. Aaaaaaaah, bom... Alguém merece?

Meu consolo é saber que agora, seguindo a tradição, o Flamengo vai ignorar a Taça Rio para se dedicar à Taça Libertadores, título que não tem a menor condição de vencer, pela deficiência do elenco (o mesmo vale para o Fluminense e valeria para Botafogo e Vasco, se estivessem lá).

Muito provavelmente o Botafogo vencerá o segundo turno – até porque é muito superior a Vasco e Fluminense, como provou na Taça Guanabara – e se reencontrará com o Flamengo na grande final. Vamos ver se da próxima vez o Will Smith e o Tommy Lee Jones serão convidados.

Zeca é fera até no jingle

Só mesmo Zeca Pagodinho para levar vida inteligente aos comerciais de cerveja, marcados pelo clichê do cara que pega (ou pensa que vai pegar) a mulher de bundão e peitão depois de tomar uns gorós.

No anúncio da Brahma que estreou sexta-feira passada, Zeca exalta o brahmeiro, aquele cara que “corre atrás de seus objetivos e tem fé na vida, é otimista, trabalhador, dá valor à sua família e preza os momentos de celebração com os amigos”, na definição da agência Africa, autora do comercial.

O publicitário Nizan Guanaes, presidente da agência, é o compositor do jingle, muito bom, no estilo Deixa a Vida Me Levar. Se a letra não tivesse o nome da cerveja, era hit certo.

A direção do anúncio é de Andrucha Waddington, da Conspiração Filmes. Foram criadas duas versões: uma inteira, de 1 minuto, e a reduzida, de 30 segundos. Confira abaixo a versão completa e a letra do jingle. Um brinde a Zeca Pagodinho!

Brahmeiro – letra
(Nizan Guanaes)

De manhã cedo, eu me benzo, me levanto e vou trabalhar.
Tudo o que eu tenho nessa vida conquistei, tive de ralar.
Do meu pai e minha mãe aprendi o que sei.
E os meus filhos vão herdar o nome limpo que eu herdei.
Não sou barão, mas me sinto um rei, porque tenho um lar.
E no final daquele dia duro de batente
É a hora da minha Brahma que também sou gente.
A vida não tem graça sem ter os amigos e o que celebrar.

Eu sou brahmeiro, amor, eu sou brahmeiro.
Sou do batente, sou da luta, sou guerreiro, eu sou brasileiro.
Eu sou brahmeiro, amor, eu sou brahmeiro.
Sou do batente, sou da luta, sou guerreiro, eu sou brasileiro.


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Eles ainda seguram o Tchan

Esta poderia ter saído no Acredite se Quiser, mas está no Orkut, mesmo. Existe uma comunidade que exalta a nova formação do grupo É o Tchan, chamada É o Tchan de cara nova. Mais incrível ainda é saber que tem quase 3 mil guerreiros inscritos lá.

Para quem, como eu, pensava que o Tchan já tivesse ralado é peito, cantado pra subir, a comunidade nos apresenta a nova dupla de vocalistas, que ocupa o lugar honroso já ocupado pelos célebres Cumpadi Washington e Beto Jamaica (onde eles estariam hoje?).

Legal é ver a minibiografia deles. Um dos novos cantores é Johnny, que fez parte de três grupos: Cafuné, Swingueira do Bicho e Os Marotos. Seu colega é Jack, ex-Digalera. Não fui apresentado a nenhuma das quatro bandas. Prazer. Ah, é importante dizer que Johnny e Jack são “dois gogós de ouro”, na descrição do autor da comunidade.

Lá também tem o link para o site do É o Tchan, que parece ter sido criado por um desses fãs remanescentes. É o melhor retrato da decadência da banda.

Tudo bem que o Orkut seja um espaço democrático e que gosto não se discuta. Mas até os antigos fãs do grupo, que o ajudaram a vender milhões de cópias, sabem que não dá mais para segurar o Tchan. Passou, já foi. É como diz o velho ditado: insistir no erro.... Você sabe.

Leitores do blog querem Stevie Wonder no Brasil

Pelos nomes que já vieram e os que sabemos que virão, 2008 deverá ser o ano dos shows internacionais no Brasil. Mas quem o povo quer ainda está longe do país. Ao menos é o que indica a última pesquisa realizada pelo blog.

Escolhemos quatro artistas que há muito tempo não fazem shows por aqui e perguntamos aos leitores a quem eles gostariam de assistir. Com 44% dos votos, quase o dobro do segundo colocado, o vencedor foi Stevie Wonder.

O vice campeão, com 24%, foi Elton John. O ex-beatle Paul McCartney (17%) e a banda Queen, com Paul Rodgers nos vocais (13%), vieram a seguir.

Em 2006, Stevie Wonder foi convidado para encerrar a 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora (Ciad), realizada na Bahia. Mas os últimos shows “oficiais” no Brasil foram em 1995, no Rio e em São Paulo, dentro do antigo Free Jazz Festival. Na época, ele recebeu no palco o brasileiro Gilberto Gil, que o reverenciou de joelhos.

Confira abaixo um outro encontro de Stevie Wonder e Gilberto Gil, tocando juntos o clássico Desafinado.


quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Skank arrebenta no cover de Beleza Pura

CRÍTICA DE SINGLE
● Música: Beleza Pura
● Artista: Skank



Enquanto a Globo fazia só as chamadas, era difícil reconhecer o intérprete. Mas quando a novela das sete Beleza Pura estreou esta semana, foi impossível não identificar a marca registrada do Skank na música-título, releitura do sucesso de Caetano Veloso também gravado pelo grupo A Cor do Som.

A gravação de Beleza Pura marca o reencontro do Skank com o produtor Dudu Marote dez anos após o mega-sucesso do álbum O Samba Poconé, que, junto ao anterior, Calango, ultrapassou a marca de 3 milhões de cópias vendidas.

Releituras não são novidade para o Skank. O quarteto liderado por Samuel Rosa viveu experiência semelhante em 2004, quando gravou Vamos Fugir, de outro baiano, Gilberto Gil.

Se agora a música é tema de abertura de novela, há quatro anos serviu de trilha sonora para um comercial. Outra semelhança entre as duas versões está na idade: a Vamos Fugir dos mineiros apareceu 20 anos após a original; já a nova Beleza Pura surge quase 30 anos depois do registro de Caetano, feito em 1979.

Nos dois casos, o principal mérito do Skank foi conferir frescor e jovialidade a antigas canções, fazendo-as parecer como novas. Tarefa que eles também cumpriram com maestria ao verter para o português a música I Want You, de Bob Dylan, que virou o hit Tanto. Mas aqui vale ressaltar que a versão ao vivo, gravada para o CD e DVD da MTV, é bem superior à de estúdio, presente no primeiro álbum do grupo.

O diferencial da Beleza Pura do Skank em relação às de Caetano e A Cor do Som é, sem dúvida, o naipe de metais, que ficou a cargo do sensacional grupo paulista Funk como Le Gusta. Somando os metais em brasa à voz marcante de Samuel Rosa e ao punch de sua guitarra meio rock, meio reggae, o resultado é uma ótima música que tem tudo para repetir ou superar o sucesso de Vamos Fugir.

No último dia 16 de fevereiro, o Skank tocou Beleza Pura no Festival Planeta Atlântida, no Rio Grande do Sul. Ao vivo a música ganhou ainda mais força e deu origem a um clipe que está sendo executado no canal Multishow. Confira abaixo o vídeo, que já foi parar no YouTube.


domingo, 17 de fevereiro de 2008

Caso Preta Gil revela o lado negro da força

Sexta-feira, um amigo me passou o link para a notícia do processo que Preta Gil moverá contra o Google. Para quem não sabe: ao digitar as palavras “atriz” e “gorda” no Google Imagens, o site recomenda que a pessoa pesquise também a expressão “Preta Gil”.

Num primeiro momento, minha reação foi rir, não dela, mas da situação esdrúxula. Um pouco depois, nem disso mais achava graça.

O Google é responsável, sim, mas não tem culpa. É como se fosse um homicídio culposo, sem intenção de matar. Os resultados das buscas, a maior ou menor relevância dos sites ou palavras indicados, são fruto de um algoritmo próprio do Google. Traduzindo, é tudo automático.

Na maior parte das vezes, o resultado agrada o usuário, que encontra rapidamente o que procura. Essa eficiência dá ao site criado por Larry Page e Sergey Brin quase o monopólio mundial dos mecanismos de busca. Não é à toa que a Microsoft está oferecendo milhões de dólares ao Yahoo na tentativa de criar um concorrente à altura do Google.

Mas o caso Preta Gil nos lembra que nem sempre a automatização funciona. Apesar dos efeitos negativos para a imagem e a auto-estima da filha do ministro, tudo isso é bom para revelar que existe um lado negro da força, e ele pode ser perigoso.

Não dá pra delegar poderes totais de decisão a uma máquina e ficar deitado em berço esplêndido imaginando que tudo sempre dará certo. Em algum momento pode haver uma conseqüência desastrosa. Já assistiu ao filme Candidato Aloprado, com Robin Williams? É uma obra de ficção, mas nos faz refletir da mesma forma. Quem sabe não esteja na hora de fazer alguns ajustes nesses algoritmos tão geniais, tirar a mão do bolso e contratar mais seres humanos para interagir com os robozinhos?

Mas, infelizmente, também não dá para esperar muito das pessoas. Não estou falando dos possíveis profissionais que o Google deveria contratar, pois a obrigação deles seria cuidar da imagem da empresa.

Ontem, no blog do Ancelmo Góis, no Globo Online, havia mais de 200 comentários para a notícia. Comecei a ler as mais recentes, mas parei por indignação. Havia todo tipo de ofensa e declaração preconceituosa contra Preta Gil, como se ela não tivesse sentimentos ou estivesse usando aquela situação deplorável para se aproveitar.

É a famosa e detestável síndrome de teoria da conspiração do brasileiro. A mesma que produz absurdos do tipo “o Brasil entregou a Copa de 1998 para a França porque queria sediar os jogos” e “os atentados de 11 de setembro foram planejados por George Bush para poder atacar o Iraque”.

Isso é preocupante. Parece que hoje, além de assistirmos quase indefesos às atrocidades que os poderosos – grandes empresas, políticos, nações – cometem contra nós, temos que aceitar que supostas estratégias de marketing estão acima de nossas crenças e até mesmo complexos.

Não pode ser assim. Até que me provem o contrário, prefiro acreditar que dinheiro nenhum compra a paz interior. Por isso, Preta Gil, vá à luta. Pegue seu sabre de luz e combata todos os Darth Vaders que encontrar pela frente. A força está com você.

Earth, Wind and Fire no Brasil. Eu fui

CRÍTICA DE SHOW
● ARTISTA: Earth, Wind and Fire
● Data: 16/02/08
● Local: Vivo Rio (RJ)



Acabei de chegar do show do Earth, Wind and Fire no Vivo Rio. Há muito tempo não cantava e dançava tanto. Apesar de exausto, decidi escrever sob o efeito da emoção. Até agora não acredito que estive tão perto dos caras, nem que eles são tão bons. Vai demorar um pouco pra ficha cair.

Traduzir em palavras o que vi e ouvi há poucos instantes é tarefa difícil, mesmo para um jornalista calejado. Tentarei, prometo, e vou procurar ser breve. Se não conseguir nem uma coisa nem outra, e você quiser parar por aqui, vai o resumo: foi o show da minha vida, pelo menos até agora.

Esperava um show muito dançante. Expectativa que se manteve quando Philip Bailey, Verdine White e Ralph Johnson, remanescentes da formação clássica do EWF, entraram no palco, seguidos pelo resto da banda um pouco depois, emendando, de cara, Boogie Wonderland e Sing a Song.

Mas com os longos e magistrais solos de sax e teclado que se seguiram – este último, para surpresa geral, reproduzia sons de vozes – percebi que aquela não era uma noite para dançar, embora milhares de pessoas, eu inclusive, tenham feito isso até se esbaldar. Era para apreciar. Estávamos diante de alguns dos melhores músicos do mundo, e não é todo dia que isso acontece.

Para nossa sorte, os integrantes do EWF não são modestos. Eles sabem que são bons, por isso colocam a técnica acima do repertório. Ainda mais depois de 27 anos sem tocar no Brasil, como lembrou Ralph Johnson, em bom português. E é aí que eu percebo que a ausência de Getaway e In the Stone no set list são meros detalhes, assim como os sucessos que eles tocaram: September, Let’s Groove, Fantasy, Shining Star, Can’t Hide Love, After the Love Has Gone, Reasons, Got to Get into My Life, Devotion. Neste caso, vale a definição inglesa: “music” é maior do que “song”.

Se fosse para definir a apresentação do Earth, Wind and Fire em uma palavra, eu usaria improviso. Embora seja conhecida como uma banda de funk e disco music, o EWF parece que faz jazz. Cada músico é um show à parte. Todos têm vida própria, seja por um solo, uns passos de dança ou somente um sorriso. A voz de Philip Bailey, ainda bem, não acompanhou sua perda de forma física. Ele está melhor do que nunca, com agudos e falsetes desconcertantes. Ele não perde o fôlego, mas quem o vê, sim.

Eu poderia gastar muitas linhas contando detalhes do show – o solo arrasador de trompete; a participação do brasileiro Valmir Borges, que cantou Circo Marimbondo, de Milton Nascimento; o coro arrepiante do público em After the Love Has Gone; a pista de dança criada espontaneamente na seqüência September/Let’s Groove; a criança que subiu ao palco em Devotion (“Thru devotion/ blessed are the children”).

Mas não. Vou comer alguma coisa e dormir. Admito que falho na missão jornalística de traduzir o que vejo em palavras. Mas não me considero derrotado, porque escrever sentimentos é tarefa de poetas. E um show do EWF ao vivo é isso, sentimento.

Para você que não esteve nem na Via Funchal nem no Vivo Rio, lamento, mas não adianta querer compensar com um DVD ou um vídeo no YouTube. Nessas horas, a tecnologia é tão falha quanto as palavras. Só quem esteve lá sabe como foi. A única saída é torcer para que eles não demorem outros 27 anos para voltar.

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Um agradecimento especial a Lana Palmer.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Tropa de Elite é o Matrix brasileiro (ou: Quem mandou o Minc não indicar os aspiras ao Oscar?)

Ótima notícia ao abrir o jornal hoje, ou melhor, ao acessar a internet: Tropa de Elite conquistou o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Isso depois de ter sido exibido com legendas em alemão, quando o normal é em inglês, e de ser acusado de fascista por um conceituado crítico americano.

É claro que, a esta hora, ninguém está mais feliz que o diretor José Padilha, os atores e a equipe técnica. Mas nós, fãs de Tropa, também nos sentimos parte desta festa. É como se fosse uma doce vingança a todos que, por hipocrisia ou vontade de aparecer, acusaram o filme disso e daquilo. E também ao Ministério da Cultura (Minc), que não o indicou como representante brasileiro na briga pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Preferiram o politicamente correto “O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias”, e o resultado foi que nem chegamos entre os finalistas.

Nunca fui muito fã de cinema nacional; admito até que tinha um certo preconceito. Mas quando saí do cinema, depois de ver Tropa de Elite – sim, eu não havia assistido à cópia pirata – fiquei com uma sensação de “uau” que só sentira antes ao ver Matrix.

Comparo Tropa a Matrix não pela história, muito menos pelos efeitos tecnológicos, mas sim pela importância. Assim como Neo e cia. dividiram a história recente de Hollywood, o cinema nacional será classificado antes e depois de Capitão Nascimento e seus aspiras.

Tropa de Elite tem todos os elementos de um grande filme: ação, humor, drama e, principalmente, ótimos personagens e interpretações magníficas. Chamá-lo de fascista é, no mínimo, má-vontade. José Padilha simplesmente relata uma realidade a partir de um ponto de vista, o de um policial. O julgamento de valor cabe a quem vê.

Tão errado quanto é dizer que as cenas de violência são gratuitas. Mais do que retratar o cotidiano, as imagens fazem parte da trama, a complementam, a explicam. Sem elas, o impacto que a história causa no espectador certamente não seria o mesmo.

Gostar ou não de Tropa de Elite faz parte da própria essência do filme, assim como acatar ou recusar as convicções do personagem de Wagner Moura. O que não dá para aceitar são comentários parciais feitos por quem prefere se esquivar do fato de que a triste realidade do Rio e do Brasil está relacionada diretamente ao tráfico e ao consumo de drogas.

Da mesma forma, é inaceitável a decisão do Minc de fechar olhos e ouvidos para a enorme repercussão de Tropa de Elite e não tê-lo incluído na lista de filmes brasileiros que tentariam uma vaga na final do Oscar. Como dificilmente o Brasil produzirá tão cedo um filme desse porte – não por falta de competência, mas por méritos de Tropa – ainda será possível incluí-lo em 2009. Tomara que seja mais um dos efeitos positivos deste Urso de Ouro.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Michael Jackson comemora 25 anos de Thriller (e eu me lembro da infância)

CRÍTICA DE CD

● DISCO: Thriller – 25th Anniversary
● ARTISTA: Michael Jackson
● GRAVADORA: Sony-BMG



Lembro-me que, na infância, garotos e garotas tinham algo que os diferenciavam além do sexo: a música. Eles se amarravam em RPM e Michael Jackson. Elas se descabelavam pelo Menudo.

Vou-me ater ao gosto masculino, neste caso infinitamente superior, mesmo porque o critério, para nós, era somente musical. O tempo passou e os dois, RPM e Michael Jackson, foram sumindo das prateleiras das lojas de discos, mas não de nossas lembranças.

Apesar do pouco volume e da baixa qualidade do material que lançaram depois do final dos anos 80, Paulo Ricardo e companhia, ao menos, conseguiram manter a reputação. MJ, não. O ex-Jackson 5 e ex-negro (!!!) até que lançou coisas boas, no meio dos álbuns “Dangerous” e “Blood on the Dance Floor”, ambos dos anos 90. A quantidade de coisas ruins foi até superior, mas foi a desastrosa vida pessoal que quase arrasou o rico legado artístico de Michael Jackson. Foram tantas besteiras que ficou quase impossível separar as duas coisas.

Mas ainda bem que ficou no quase. E por mais bobagem que ele continue fazendo, sempre haverá alguém, mesmo que por interesses meramente comerciais, para nos lembrar que Michael Jackson é, ou foi, um gênio.

Até mesmo agora, em que comemora 25 anos do lançamento de “Thriller”, álbum que o catapultou para a glória e o transformou em Rei do Pop, MJ parece querer estragar tudo. A nova edição de “Thriller”, lançada mundialmente pela Sony-BMG esta semana, traz remixes para músicas tão boas que, se fossem ouvidas num disco de vinil com um prego no lugar da agulha, ainda assim seriam obras-primas.

Cinco das nove faixas originais ganharam novas versões e participações especiais: “The Girl is Mine” e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, com Will.I.Am., do Black Eyed Peas; “Wanna Be Startin’ Something”, com Akon; “Beat It”, com Feargie, também do BEP; e “Billie Jean”, com Kanye West. Todos os remixes vêm com o sufixo “2008”, para soarem como novidades. De certo modo até são, e “Beat It” com Fergie até que não ficou ruim, mas as músicas poderiam permanecer como foram criadas.

Bem, mas não podemos reclamar. Lá estão elas também, as originalíssimas, com qualidade sonora perfeita. E são tão boas que seria até leviano da minha parte falar mal do disco. Nem eu quero isso, por favor. Foi só para endossar que a qualidade da obra de Michael Jackson nos anos 70 e 80 é tão grande que nem ele mesmo pode acabar com isso.

Vamos falar, então, de “Thriller”, começando pela
reedição.
“Thriller – 25th Anniversary” é um álbum duplo, CD de um lado e DVD de outro. No primeiro, estão lá as nove músicas originais (leia mais sobre elas abaixo) e uma décima, só com a risadinha sinistra de Vincent Price em “Thriller”. Depois vêm os cinco remixes já citados e a grande novidade, a balada romântica “For All Time”, uma sobra de estúdio composta por Steve Porcaro e David Paich, músicos que tocaram sintetizador no disco original. É uma boa canção.

No “lado B digital” estão os clipes de “Billie Jean” e “Beat It”, que mostram um Michael Jackson negro e rebolativo, bem diferente do esquisitão de hoje. Parece outra pessoa.

Já o vídeo de “Thriller”, a música, aparece na versão integral. São quase 15 minutos, um verdadeiro filme, com créditos e tudo. A curiosidade fica por conta da abertura desse clipe-filme, em que aparecem os seguintes letreiros, assinados por Michael Jackson: “Por conta de minhas fortes convicções pessoais, quero enfatizar que este filme, de forma alguma, reforça uma crença no oculto”.

Mas a grande atração mesmo é a apresentação do astro no especial de TV “Motown 25: Yesterday, Today and Forever”, a primeira transmissão da recém-criada NBC, em maio de 1983. Vestindo a clássica blusa brilhante de lantejoula e luvas, MJ domina o público cantando “Billie Jean” e passeando pelo palco com os passos de break e o famoso “moonwalk”. Lembro-me novamente da infância, pois tinha um amigo – aliás, ainda tenho – que fazia isso também. Escondido, para não ser zoado (o que sempre acontecia), vestia-se de preto, colocava as luvas brancas e ia para festas infantis ganhar uma graninha como imitador de Michael Jackson. Era divertido.

Aproveitando o clima de nostalgia, vamos falar do “Thriller” original. O LP foi lançado em dezembro de 1982, pela Epic (selo da então CBS, que depois virou Sony e hoje é Sony-BMG), quando eu tinha 6 anos. Apesar de tão novo, lembro como se fosse hoje do clipe da canção-título passando no “Fantástico”. Deve ser porque fiquei um tanto impressionado com aquela clima sinistro (confesso que até hoje a risada de Vincent Price não me soa agradável).

Aquele foi o segundo trabalho de Michael Jackson com o mago da black music Quincy Jones e o sexto álbum solo do cantor. Foram gravadas apenas nove músicas, uma melhor que a outra. Michael Jackson compôs quatro: “Wanna Be Startin’ Something” e “The Girl is Mine” (clássico dueto com Paul McCartney, que se repetiria um ano depois em “Say, Say, Say”, gravada pelo ex-Beatle), no lado A; “Beat It” e “Billie Jean” no lado B. Completavam o repertório “Baby Be Mine”, “Thriller”, “The Lady in My Life” – todas de Rod Temperton (as duas primeiras, presentes no lado A) – “Human Nature”, de Steve Porcaro e John Beltis, e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, de James Ingram e Quincy Jones.

“Thriller” é uma obra-prima, uma relíquia. Não foi à toa que passou da marca de 100 milhões de cópias vendidas, permanecendo até hoje no “Guinness Book” como o álbum mais bem-sucedido da história. Também foi o único a ficar dois anos seguidos (83 e 84) entre os dez discos mais vendidos nos Estados Unidos e rendeu a Michael Jackson o recorde de estatuetas numa única edição do Grammy: oito, de 12 indicações, em 84.

Das nove faixas originais, cinco foram repetidas na excelente coletânea “History”, que MJ lançou em 1995: “Wanna Be Startin’ Something”, “The Girl is Mine”, “Thriller”, “Beat It” e “Billie Jean”. Mas outras duas são grandes sucessos até hoje executados à exaustão nas rádios: “Baby Be Mine” e “Human Nature”, que tem a participação do percussionista brasileiro Paulinho da Costa. Ele também compõe a banda que gravou “Wanna Be Startin’ Something”. Eddie Van Hallen fez os solos de guitarra de “Beat It” e Janet e Latoya, irmãs de Michael Jackson, integraram o coral feminino de “P.Y.T.”.

É melhor parar por aqui. O álbum mais vendido do mundo ainda guarda muitas outras histórias e curiosidades, algumas espalhadas pelos sites da grande rede, outras guardadas com o autor. Informações que já estão eternizadas em forma de música, mas que ainda assim serão transmitidas de forma escrita ou falada geração após geração, mesmo que Michael Jackson não queira.





Fernandão solo

Depois do sucesso de Rodrigo Santos – que vai gravar DVD em dupla com George Israel, do Kid Abelha – outro barão-vermelho busca espaço fora da banda, que está parada porque Frejat prefere se dedicar à carreira solo.

O boa-praça Fernando Magalhães lançou em outubro do ano passado, pela internet, seu primeiro CD, que leva o nome dele. Na próxima terça-feira, 19 de fevereiro, Fernandão, como é conhecido pelos fãs do Barão Vermelho, faz show de lançamento no Cinematèque, em Botafogo, no Rio.

O guitarrista do Barão será acompanhado por Roberto Lly (baixo e vocal), Marvio Fernandes (guitarra e vocal), Sérgio Villarin (teclados) e Pedro Strasser (bateria). Imperdível! Confira abaixo o serviço completo:

Fernando Magalhães
Dia 19 de fevereiro – terça-feira - 22h
Cinematèque Jam Club
Rua Voluntários da Pátria 53
Tel: 2286- 5731 / 3239-0488
Couvert: R$24 e R$18 (até 21h)

Se liga nesse som

Aí vão duas dicas de gente nova que tá fazendo bonito:

Pop-rock

Banda Kaos S.A.
http://www.myspace.com/kaosbr

Grupo carioca formado por Hector Tulio (vocal, guitarra e teclado), Cesar Carvalho (contrabaixo e vocal) e Rennan Rojão (bateria). Aproveitando bem as influências de Coldplay e Los Hermanos, o trio faz um som com um quê de melancolia, mas também com forte pegada roqueira. As letras são boas e as melodias, daquelas que “pegam” rápido. Os caras já abriram shows do Marcelo D2 e, pelo que mostram no MySpace, têm tudo pra chegar lá. Ouça no site duas músicas na íntegra: “Caos” e “Até Quando”.


Gospel

Philipe Daniel
http://www.myspace.com/philipedaniel

Meu cumpadi Philipe Daniel tá lançando seu primeiro CD, “Para um Coração Ferido”. Numa época em que os cantores gospel falam de chuva, fogo, paixão e outras palavras de forte impacto, Philipe segue caminho inverso, investindo em canções melódicas e suaves que resgatam a essência (um tanto perdida) da música religiosa. Influências de nomes que fazem a chamada “MPB gospel”, como Grupo Logos e Vencedores por Cristo. No MySpace você pode curtir quatro músicas que não estão no disco, mas já transmitem o recado: “Comigo Está”, “O Primeiro das Maravilhas”, “Rocha Eterna” e “Ao Vivo Deus Guiou”.

Com que cara eu vou? (mais um capítulo da briga Cassiane x MK)

Como a galera que curte música gospel já deve saber, a MK Music ganhou esta semana um round na briga judicial com Cassiane, que era a principal artista da gravadora até 2007. Depois de uma liminar favorável à MK, Cassiane fica obrigada a retirar das lojas todas as unidades do CD “Faça diferença”, que lançou no fim do ano passado, de forma independente. A venda do disco fica proibida até a decisão oficial da Justiça sobre a primeira ação, que a própria Cassiane impetrou contra a MK depois que saiu da gravadora.

Se não acatar a decisão, a cantora deverá pagar multa diária de R$ 5 por CD encontrado no mercado. Como me disse um amigo advogado, “imagine você uma ação durando, no mínimo, de 3 a 4 anos, com o CD proibido de vender?” Que prejuízo, hein? Mas é claro que virão outras liminares, o disco irá e voltará, até um juiz bater o martelo e não caberem mais recursos.

Mas o que eu me pergunto, mesmo, é com que cara Cassiane vai aparecer no evento “Dia da Decisão”, que a gravadora Graça Music, do missionário R.R Soares, vai promover sábado no Rio de Janeiro. Nesse tipo de evento, é comum os artistas venderem seus discos; funciona, às vezes, como forma de cachê ou complemento.

De acordo com o release que recebi hoje, são esperadas 300 mil pessoas. Cassiane vai perder essa boca? Ou a pergunta é: será que ela vai?

Na verdade, recebi dois releases, Um deles, de uma assessoria terceirizada, dizia apenas que estariam presentes “os maiores nomes da música gospel”. Outro, da própria Graça Music, citava o nome de Cassiane em meio a outros artistas.

A dúvida aumenta após uma visita ao site da cantora. Lá, o próximo evento de Cassiane está agendado para 20 de fevereiro, em Belo Horizonte. Não há nada sobre o show no Rio nem mesmo sobre a decisão judicial.

Já a MK lançou uma nota de esclarecimento em seu site. Veja também o processo que dá ganho de causa à gravadora em primeira instância.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Bob Dylan no Brasil: bom para os ouvidos, ruim para o bolso

Dez anos após sua última aparição no Brasil, quando tocou com os Rolling Stones no Rio e em São Paulo, Bob Dylan volta ao país em março para mais três shows nas duas cidades. Divulgando o álbum “Modern Times”, lançado em 2007, o astro da folk music se apresentará nos dias 5 e 6 na Via Funchal, em Sampa, e no dia 8, no Arena Rio.

Dylan faz parte de uma lista generosa de grandes nomes da música internacional já confirmados em solo brasileiro neste ano, que ainda inclui Earth, Wind and Fire e Charles Aznavour, cujos shows já foram comentados aqui no blog, além de Deep Purple (22 de fevereiro no Rio e 24 em São Paulo), Iron Maiden (2 de março em SP, 4 em Curitiba e 5 em Porto Alegre) e outros.

A presença cada vez maior de artistas do primeiro escalão no Brasil compensa, de certa forma, a baixa quantidade de festivais que temos aqui, sobretudo de rock. Mas, por outro lado, existe a questão do preço dos ingressos, que parece seguir uma ordem inversamente proporcional à lógica: quanto menos gente no palco, mais caro é o show.

Quem quiser assistir a Bob Dylan, um dos maiores compositores da história do rock, precisará economizar desde já. Semana passada, a Via Funchal divulgou os preços dos ingressos para os dois shows em São Paulo. Eles variam de R$ 250 (platéia lateral) a R$ 900 (platéia VIP e camarote), valores até seis vezes maiores que os de Buenos Aires, onde o ingresso mais caro, de acordo com o site “Globo Online”, custará R$ 210. Os preços para a apresentação no Rio ainda não foram divulgados.

Mesmo com o meio-ingresso, esses valores são absurdos para a realidade brasileira. Nem o patrocínio de empresas multinacionais ou a utilização de grandes espaços, como aconteceu com o Police, em 2007, parecem suficientes para reverter esse quadro. Some-se aí os preços altos dos shows nacionais, do cinema e do teatro, bem como o de CDs e DVDs, e o que temos é o aumento da pirataria – não justificado, mas explicado.

Voltando a Bob Dylan, paulistas e cariocas que puderem bancar os altos preços dos ingressos não devem se arrepender do investimento. Com mais de 50 anos de carreira, o cantor americano, cujo nome de batismo é Robert Allen Zimmerman, responde por algumas dezenas de clássicos do folk-rock, entre eles “Like a Rolling Stone”, “Lay, Lady, Lay”, “Blowin’ in the Wind” e “Mr. Tambourine Man”. No Brasil, a música “I Want You” virou sucesso na releitura em português do grupo Skank, que a transformou em “Tanto”.

Bob Dylan ainda tem no currículo o Grammy de Álbum do Ano de 1997, por “Time out of Mind”, e o Oscar de Melhor Canção, conquistado em 2001 com “Things Have Changed”, trilha do filme “Wild Boys”. Neste mesmo ano, em que lançou o elogiado CD “Love and Theft”, a revista “Rolling Stone” elegeu “Like a Rolling Stone” a melhor canção da história.