sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Michael Jackson comemora 25 anos de Thriller (e eu me lembro da infância)

CRÍTICA DE CD

● DISCO: Thriller – 25th Anniversary
● ARTISTA: Michael Jackson
● GRAVADORA: Sony-BMG



Lembro-me que, na infância, garotos e garotas tinham algo que os diferenciavam além do sexo: a música. Eles se amarravam em RPM e Michael Jackson. Elas se descabelavam pelo Menudo.

Vou-me ater ao gosto masculino, neste caso infinitamente superior, mesmo porque o critério, para nós, era somente musical. O tempo passou e os dois, RPM e Michael Jackson, foram sumindo das prateleiras das lojas de discos, mas não de nossas lembranças.

Apesar do pouco volume e da baixa qualidade do material que lançaram depois do final dos anos 80, Paulo Ricardo e companhia, ao menos, conseguiram manter a reputação. MJ, não. O ex-Jackson 5 e ex-negro (!!!) até que lançou coisas boas, no meio dos álbuns “Dangerous” e “Blood on the Dance Floor”, ambos dos anos 90. A quantidade de coisas ruins foi até superior, mas foi a desastrosa vida pessoal que quase arrasou o rico legado artístico de Michael Jackson. Foram tantas besteiras que ficou quase impossível separar as duas coisas.

Mas ainda bem que ficou no quase. E por mais bobagem que ele continue fazendo, sempre haverá alguém, mesmo que por interesses meramente comerciais, para nos lembrar que Michael Jackson é, ou foi, um gênio.

Até mesmo agora, em que comemora 25 anos do lançamento de “Thriller”, álbum que o catapultou para a glória e o transformou em Rei do Pop, MJ parece querer estragar tudo. A nova edição de “Thriller”, lançada mundialmente pela Sony-BMG esta semana, traz remixes para músicas tão boas que, se fossem ouvidas num disco de vinil com um prego no lugar da agulha, ainda assim seriam obras-primas.

Cinco das nove faixas originais ganharam novas versões e participações especiais: “The Girl is Mine” e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, com Will.I.Am., do Black Eyed Peas; “Wanna Be Startin’ Something”, com Akon; “Beat It”, com Feargie, também do BEP; e “Billie Jean”, com Kanye West. Todos os remixes vêm com o sufixo “2008”, para soarem como novidades. De certo modo até são, e “Beat It” com Fergie até que não ficou ruim, mas as músicas poderiam permanecer como foram criadas.

Bem, mas não podemos reclamar. Lá estão elas também, as originalíssimas, com qualidade sonora perfeita. E são tão boas que seria até leviano da minha parte falar mal do disco. Nem eu quero isso, por favor. Foi só para endossar que a qualidade da obra de Michael Jackson nos anos 70 e 80 é tão grande que nem ele mesmo pode acabar com isso.

Vamos falar, então, de “Thriller”, começando pela
reedição.
“Thriller – 25th Anniversary” é um álbum duplo, CD de um lado e DVD de outro. No primeiro, estão lá as nove músicas originais (leia mais sobre elas abaixo) e uma décima, só com a risadinha sinistra de Vincent Price em “Thriller”. Depois vêm os cinco remixes já citados e a grande novidade, a balada romântica “For All Time”, uma sobra de estúdio composta por Steve Porcaro e David Paich, músicos que tocaram sintetizador no disco original. É uma boa canção.

No “lado B digital” estão os clipes de “Billie Jean” e “Beat It”, que mostram um Michael Jackson negro e rebolativo, bem diferente do esquisitão de hoje. Parece outra pessoa.

Já o vídeo de “Thriller”, a música, aparece na versão integral. São quase 15 minutos, um verdadeiro filme, com créditos e tudo. A curiosidade fica por conta da abertura desse clipe-filme, em que aparecem os seguintes letreiros, assinados por Michael Jackson: “Por conta de minhas fortes convicções pessoais, quero enfatizar que este filme, de forma alguma, reforça uma crença no oculto”.

Mas a grande atração mesmo é a apresentação do astro no especial de TV “Motown 25: Yesterday, Today and Forever”, a primeira transmissão da recém-criada NBC, em maio de 1983. Vestindo a clássica blusa brilhante de lantejoula e luvas, MJ domina o público cantando “Billie Jean” e passeando pelo palco com os passos de break e o famoso “moonwalk”. Lembro-me novamente da infância, pois tinha um amigo – aliás, ainda tenho – que fazia isso também. Escondido, para não ser zoado (o que sempre acontecia), vestia-se de preto, colocava as luvas brancas e ia para festas infantis ganhar uma graninha como imitador de Michael Jackson. Era divertido.

Aproveitando o clima de nostalgia, vamos falar do “Thriller” original. O LP foi lançado em dezembro de 1982, pela Epic (selo da então CBS, que depois virou Sony e hoje é Sony-BMG), quando eu tinha 6 anos. Apesar de tão novo, lembro como se fosse hoje do clipe da canção-título passando no “Fantástico”. Deve ser porque fiquei um tanto impressionado com aquela clima sinistro (confesso que até hoje a risada de Vincent Price não me soa agradável).

Aquele foi o segundo trabalho de Michael Jackson com o mago da black music Quincy Jones e o sexto álbum solo do cantor. Foram gravadas apenas nove músicas, uma melhor que a outra. Michael Jackson compôs quatro: “Wanna Be Startin’ Something” e “The Girl is Mine” (clássico dueto com Paul McCartney, que se repetiria um ano depois em “Say, Say, Say”, gravada pelo ex-Beatle), no lado A; “Beat It” e “Billie Jean” no lado B. Completavam o repertório “Baby Be Mine”, “Thriller”, “The Lady in My Life” – todas de Rod Temperton (as duas primeiras, presentes no lado A) – “Human Nature”, de Steve Porcaro e John Beltis, e “P.Y.T. (Pretty Young Thing)”, de James Ingram e Quincy Jones.

“Thriller” é uma obra-prima, uma relíquia. Não foi à toa que passou da marca de 100 milhões de cópias vendidas, permanecendo até hoje no “Guinness Book” como o álbum mais bem-sucedido da história. Também foi o único a ficar dois anos seguidos (83 e 84) entre os dez discos mais vendidos nos Estados Unidos e rendeu a Michael Jackson o recorde de estatuetas numa única edição do Grammy: oito, de 12 indicações, em 84.

Das nove faixas originais, cinco foram repetidas na excelente coletânea “History”, que MJ lançou em 1995: “Wanna Be Startin’ Something”, “The Girl is Mine”, “Thriller”, “Beat It” e “Billie Jean”. Mas outras duas são grandes sucessos até hoje executados à exaustão nas rádios: “Baby Be Mine” e “Human Nature”, que tem a participação do percussionista brasileiro Paulinho da Costa. Ele também compõe a banda que gravou “Wanna Be Startin’ Something”. Eddie Van Hallen fez os solos de guitarra de “Beat It” e Janet e Latoya, irmãs de Michael Jackson, integraram o coral feminino de “P.Y.T.”.

É melhor parar por aqui. O álbum mais vendido do mundo ainda guarda muitas outras histórias e curiosidades, algumas espalhadas pelos sites da grande rede, outras guardadas com o autor. Informações que já estão eternizadas em forma de música, mas que ainda assim serão transmitidas de forma escrita ou falada geração após geração, mesmo que Michael Jackson não queira.





3 comentários:

Samuel disse...

Caro Bin Brother. Thriller é bom demais. Eu era mais velho que voce naquela época (hoje temos a mesma idade, estranhamente) e me lembro de ver alguns Discos como hoje alguem olha para um iPod zerinho...

Tenho meu vinil de Thriller e sempre que posso o ouço.

Faltou um detalhe importante sobre o original. A percussão foi feita pelo brasileirissimo Paulinho da Costa. Tive a oportunidade de conhece-lo pessoalmente e perguntar sobre a gravação do disco e ele me confessou - "Toquei cuica num disco de M.J.".

Quanto ao Menudo, só Renato Russo salva...

Saudações do interioR

Marcos Bin disse...

Fala Samuca

Temos a mesma idade é ótimo, hein? :) Cara, eu citei o Paulinho no texto. Acho que vc ficou com preguiça de ler tudo, hein? Veja direitinho. Grande abraço

Samuel disse...

Pois é, isso que dá ler as 8:00 hs da manha e só acordar as 10:00 hs... :)