sexta-feira, 14 de março de 2008

Fazendo música, jogando bola

Muitos antes de a revista Rolling Stones eleger Acabou Chorare o melhor disco brasileiro de todos os tempo, numa lista dos 100 mais divulgada em 2007, eu já considerava o álbum que os Novos Baianos lançaram em 1972, sob influência de João Gilberto, o número 1 da MPB.

Mas isso foi até hoje, quando tive a felicidade de ouvir pela primeira vez na íntegra, da primeira à última faixa, o disco seguinte de Moraes, Pepeu, Baby & cia., Novos Baianos Futebol Clube, de 1973. Foi uma experiência tão incrível que decidi relatá-la aqui neste espaço.

Não que Novos Baianos Futebol Clube seja melhor que Acabou Chorare. Na verdade, a sonoridade é bem parecida, lembrando até uma continuação. Igualdade até no número de faixas, 10 cada um. Talvez por isso, por não ser tão revolucionário quanto seu antecessor, F.C. não tenha conseguido a mesma projeção.

Mas o disco é bom demais. Tem mais samba que Acabou Chorare e a influência hippie nas letras é maior. Fazendo música e jogando bola, como diria Pepeu Gomes muitos anos depois, já em carreira solo, os Novos Baianos criaram verdadeiras obras-primas, como a deliciosa Vagabundo Não É Fácil e a brilhante Com Qualquer Dois Mil Reis, dona de letra atemporal.

Novos Baianos Futebol Clube é samba e rock, loucura e genialidade. Puros anos 70. Nasceu numa época em que eram mais freqüentes discos conceituais, bons do início ao fim, que revelavam surpresas a cada audição. Escute-o com fones de ouvido, para perceber a separação dos instrumentos em cada canal, e comprove.

A partir de hoje, a minha lista dos melhores de todos os tempos tem um novo e forte aspirante à primeira colocação. Talvez Acabou Chorare leve pequena vantagem, mas posso dizer que há um empate técnico.

Nenhum comentário: